segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A propósito do Natal



Cidades enfeitadas
Luzes multicolores acesas
Parecendo passeata de princesas!...
Chego num clube elegante,
Vislumbro crianças,
Com as mãos abarrotadas de brinquedos,
Mesas com variadas bebidas,
Adornadas de guloseimas!...
Crianças alegres,
Cantando músicas de Natal,
Adultos
Se abraçando,
Todos falando: Feliz Natal, Feliz Natal!...
Chego num bairro de periferia,
Vejo pais e mães, carregando tristezas,
Vítimas das incertezas
Do hoje e do amanhã!...
Crianças famintas, sem nenhum brinquedo,
Até quando continuará? Até quando?...
Perguntem às princesas.


Leopoldo Neto


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Último Poema

É Natal, nunca estive tão só,
Nem sequer neva como nos versos
Do Pessoa ou nos bosques
Da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
Entre o fulgor dos cravos
E os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
Dentro de casa
Não devia queixar-se de estar só,
Não devia.

Eugénio de Andrade

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Outro Natal,
Outra comprida noite
De consoada.
Fria,
Vazia,
Bonita só de ser imaginada,
Que fique dela, ao menos,
Mais um poema breve,
Recitado
Pela neve
Ao cair de leve
No telhado.


Miguel Torga






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