quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Amigos

Nesta corrida louca em que vamos vivendo, acumulamos dezenas de contactos, de colegas do trabalho, daquela pessoa que conhecemos numa acção de formação, daquela outra que nos apresentaram e até se tornou visita de casa e companhia de passeios de fim de tarde com a criançada...nesta roda viva com horários para tudo, a nossa agenda de papel e de telemóvel vai crescendo...crescerá o número de amigos em proporção com as ditas agendas? Não me parece...quando, depois da nossa vida ter mudado radicalmente, precisamos mesmo de um ombro, de um ouvido AMIGO, de companhia para as rotinas diárias, a agenda reduz-se a uma folha meia escrita. E nos fins de tarde em que queremos ligar a um amigo para um café à beira rio, constatamos que as opções são reduzidas. Daquela agenda imensa, a poucos abriríamos o nosso íntimo e esses poucos, em muitos casos, não partilham o mesmo rio que nós!
Este ano, constatei que a minha folha de opções tem 8 ou 9 linhas escritas e nenhuma delas partilha o meu rio! E confirmei que os amigos verdadeiros, na maioria dos casos, não estão connosco diariamente. Mas fazem 4 horas de viagem para estarem connosco uma tarde de sábado e meio domingo; convidam-nos para ir de férias com eles, sacrificando um pouco do seu descanso e da sua liberdade; dão-nos a chave da sua casa, esperam por nós para jantar a horas tardias, escutam-nos, pela noite dentro, sem nos fazerem perguntas; contam-nos pedaços da sua vida que prefeririam esquecer para nos darem alento...


Nestes dias que estive fora, soube que uma das minhas 8 ou 9 linhas tem cancro da mama. Descobriu, num auto exame, um caroço e desde há uns meses tem vivido, quase solitária(apenas a irmã mais velha, uma amiga e eu sabemos), a angústia das viagens para os hospitais, da incerteza dos exames, da espera para saber se é maligno ou benigno...a angústia de não deixar que os outros percebam (Como consegues, D.? Todas as rotinas diárias e continuar a ser o apoio para aqueles que precisam dele!). Conheci esta minha AMIGA há 7 anos, no outro lado do mundo (Onde nem todas as relações eram reais.), quando a conversa se estendia pela noite, na praceta de Vila Verde. Desde então estive com ela duas vezes, em 2004 e agora. Eu tenho um rio e ela tem um oceano!
Tenho a certeza de que ela vai vencer aquele caroço, que nem sabe que a D., na sua serenidade, é uma força da natureza!FORÇA, AMIGA!

3 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Passo para lhe dar um abraço, tão só o apreço pela sua reflexão sobre a amizade, esperando que a sua amiga melhore , e que a sua lista aumente .
cordialmente
J. RibeiroMarto

Blimunda disse...

Obrigada pela visita.Quanto à minha lista, há-de aumentar com o tempo.Por enquanto a que tenho é pequenita, mas de peso!

deep disse...

Os amigos são um dos bens preciosos da nossa existência. Assim saibamos conservá-los, estar atentos e disponíveis... por vezes, temo não ser capaz!

O importante não é que a lista aumente, mas que os laços se tornem fortes... isto sou eu a divagar!

As melhoras para a tua amiga... há que ter fé, tenha ela a origem que tiver.

Beijo